Aprendizados – Albânia: experiências maravilhosas onde menos imaginamos

Bom, depois da nossa experiência incrível no Irã, decidimos visitar mais países que não são muito turísticos. As pessoas nos disseram que não tinha muitas coisas para ver na Albânia, mas queríamos conhecer o povo e a cultura local. Perguntamos para alguns europeus se valia a pena visitar este país, e todos disseram que não havia nada para fazer lá, que era perigoso e que o povo era estranho. Após esses relatos, claro que resolvemos ir, rs (síndrome de São Tomé, ver pra crer).

Lá fomos nós, com expectativa baixa e, como não poderia deixar de ser, logo de cara já fomos surpreendidos. Primeiro que não vimos quase nenhum turista, segundo que desde a alfândega já estavam todos nos espiando e sorrindo. Na sequência paramos numa mercearia para comprar frutas. O dono era um senhor de idade, ficou nos olhando e rindo, perguntou meio atrapalhado da onde éramos, quando falamos Brasil, disparou a citar os nomes dos jogadores. Levantou e pegou uns chocolates e nos deu de presente. Do pouquíssimo que ele sabia inglês ele quis se comunicar. Ali nós pensamos “lá vem mais um país incrível”.

Chegamos na casa de família que reservamos um quarto. Os donos, também de idade, estavam nos esperando na porta. Vieram todos faceiros nos receber, conversar e fazer mil agrados. Já era bem tarde (quase meia noite) mas a senhorinha fez questão de sentar e mostrar todos os lugares interessantes para visitarmos no país, enquanto seu marido falava de futebol e elogiava o Brasil.

A primeira casa em que ficamos!

No dia seguinte acordamos, saímos da capital Tirana e fomos descendo em direção ao litoral. Bom, aonde parávamos as pessoas foram muito atenciosas, acenavam e olhavam curiosas. Havia vários pastores com seus rebanhos pela estrada. Aliás, isso chega a ser engraçado, pois toda hora tínhamos que parar para alguma vaquinha passar, outra hora eram bodes, porcos, tartarugas… e seus cuidadores sempre sorrindo e nos dando tchau.

Alguns dos animais que cruzamos: esta é uma família de porquinhos.

Ao contrário do que foi dito, pensa em um país bom de visitar, com comida boa, barata, povo amoroso, natureza de tirar o fôlego, montanhas, praias, rios cristalinos. Um lugar incrível e ainda pouquíssimo turístico! A Albânia é um daqueles países que parece que parou um pouco no tempo. É justamente aí que está toda a graça. Tudo meio rústico, antigo, meio rural. Um povo simples, feliz e generoso.

Em uma das praias também ficamos em uma casa de família, e eles nos trataram muito bem. Nos deram pacotes de bolachas, nos chamaram para tomar cerveja com eles na sala, queriam saber tudo do Brasil, em resumo, queriam nos agradar. Alô, será que estou dentro da Europa? Ou esse país devia ser localizado ao lado do Irã (país no qual fomos mais bem tratados na viagem inteira). No outro dia, quando abrimos o facebook, a família inteira tinha mandado convite para amizade, até o filho de uns 10 anos, rsrs. Gostamos tanto dessa família que resolvemos esticar e ficar mais dois dias com eles. E eles passaram a nos tratar como família. O menino bateu na nossa porta e trouxe janta para nós. O pai dele comprou bebidas e nos chamou para ver televisão com eles. Queriam nos agradar. Muito amáveis e queridos. Na hora de irmos embora veio a família inteira nos dar tchau. Quando chegamos à noite na outra cidade, já tinha uma mensagem do garotinho perguntando se tínhamos chegado bem, dá para acreditar?

Nossa família albanesa!!

Ganhamos esses pães com queijo para o café da manhã.

A última casa que ficamos também fomos surpreendidos. Estávamos saindo para ir no mercado, mas a dona da casa nos presentou com uma sacola, cheia de coisas da sua horta, ou seja, nem precisamos sair!! Mais tarde, seu marido nos chamou para beber uma cachaça local com queijos, queriam saber tudo de nós e do Brasil. Na hora de irmos embora, o netinho de 6 anos pegou um guarda-chuva e nos levou até o portão. Em todas essas casas, nos sentimos literalmente em casa.

E para fechar, na estrada rumo à Montenegro, paramos em uma cidade do interior para comprar cerejas (2 reais uma sacolinha), então o senhor da barraca perguntou: “Itália?”… Eu disse: “ não, Brasil”… Ele começou a gritar “Brasil, Brasil” e as crianças vieram todas falar com o Fernando, falavam todos os nomes de jogadores, queriam tocar na gente. Enquanto em outras partes da Europa você é só mais um, na Albânia eles te fazem sentir especial.

Pequenos amigos na estrada.

Viajar tem dessas coisas, você faz famílias pelos lugares que passa, talvez pelo fato de estar tanto tempo longe de casa e dos amigos, a gente acaba se apegando as pessoas que cruzam nossa jornada. Estranhos, que viram quase parentes por dias, e depois sabe lá quando vamos ver de novo. Talvez um dia… talvez nunca mais. E são essas situações que nos fazem ver que de fato a vida é feita de momentos. Que não importa o tempo das coisas, mas sim sua intensidade. Que às vezes as pessoas passam tão breves em nossas vidas, mas deixam marcas para sempre em nossos corações.

E quanto mais a gente tem se permitido, pisado em lugares diferentes e não tão turísticos, topando qualquer parada, mais experiências incríveis estamos colecionando. Portanto, permita-se!!!! Permita-se ao novo, ao improvável, ao novo emprego, a nova casa, ao novo amor, ao novo amigo…sempre vai valer a pena!! (Se a experiência for boa você vai viver algo mágico, e se não for das melhores você sempre sai com algum aprendizado).
Permita-se, você só tem a ganhar! E se puder, permita-se um período sabático, ou uma viagem qualquer!

E nos lugares mais improváveis tivemos avalanches de amor ao próximo, a Albânia superou todas nossas expectativas, foi demais!

E aí, já pensou em incluir esse destino diferente no seu roteiro??